domingo, 2 de dezembro de 2012

IG entrevista Fresno


“Você liga o rádio e só toca pop internacional. É por isso que o rock no Brasil precisa se disfarçar de pop para poder fazer sucesso”, diz o vocalista, acompanhado de Mário Camelo (teclado), Bell Ruschel (bateria) e Gustavo "Vavo" Mantovani (guitarra).”
Antes de subir no palco do Beco 203 em São Paulo ( show de lançamento de infinito) a  Fresno falou ao IG sobre rock nacional, o novo disco, a fórmula de sucesso de Rick Bonadio e sua situação financeira. “Ninguém aqui morre de fome, mas ninguém ainda tem casa própria”, diz Lucas.
Confira a entrevista:

"Infinito' é um disco sobre superação - assim como nós estamos nos superando agora", conta Lucas Silveira

iG: O que os fãs estão achando do novo disco?
Lucas Silveira:
 Quando as gravações terminaram, nós acreditamos que o “Infinito” é o nosso melhor disco - mas eu nunca achei que um fã nosso fosse dizer isso. É normal o cara se apegar ao disco pelo qual ele conheceu a banda, porque aquelas músicas foram a trilha sonora de um momento especial da vida dele. Entretanto, os nossos fãs tem recebido bem o “Infinito”, e com 15 dias de lançamento eles já estão cantando todas as letras das músicas novas nos shows.
Gustavo Mantovani: Fã é sempre suspeito. Ele vai gostar da banda mesmo que o disco tenha só gritos e socos na parede. O “Infinito”, porém, tem conquistado gente que não costuma ouvir a banda. Tenho escutado muitos elogios de gente que não é o nosso público alvo.
Lucas Silveira: Por outro lado, hoje os fãs são os nossos críticos mais ferrenhos. Tem uma facção deles que quer que a gente vire o Sepultura , enquanto outra quer que a gente vire Sandy & Junior . Na verdade, nós somos um pouco dos dois! (risos)

iG: Para vocês, sobre o que esse disco quer falar?
Lucas Silveira:
 O principal assunto desse disco é a superação. Mas, além da superação, nós queremos falar sobre os desafios que foram colocados nas nossas vidas. Ser artista é lidar com o fruto da sua criatividade, e com isso você fica sujeito ao julgamento de qualquer um. É algo que mexe com o teu ego. Por outro lado, nós somos apenas uma pessoa no meio de seis ou sete bilhões nesse planeta. Nós não somos quase nada, se você parar para pensar. Quando você pensa nisso, você chega à conclusão que os seus problemas não são nada demais, e que é preciso ir lá e resolvê-los! É isso o que nós estamos fazendo agora.

iG: Desde o último disco da banda, “Revanche”, de 2010, vocês deixaram de fazer parte da Universal e voltaram a ser uma banda independente. Como foi a saída de vocês da gravadora?
Lucas Silveira:
 No meio do nosso relacionamento com a Universal havia a Arsenal Music , o selo do Rick Bonadio. Assim como várias bandas, nós saímos da gravadora em um momento de reformulação dos contratos deles. Nós tínhamos a opção de ficar por lá e a opção de seguir o nosso caminho, e nós achamos que valia mais a pena seguir em frente sozinhos.

"Somos amigos ainda. Ele só queria fazer os projetos dele, e nós entendemos", diz o guitarrista Vavo sobre a saída de Rodrigo Tavares.

iG: O que foi proposto para vocês continuarem lá?
Lucas Silveira:
 Eles deixariam de nos ter como artistas contratados - cada disco ia ser parte de um projeto. É uma porta que nós ainda temos aberta. Se nós precisarmos e acharmos que vale a pena, podemos voltar para a gravadora.
Gustavo Mantovani: Estamos em um momento que as gravadoras já não tem mais tanto dinheiro para investir nas bandas - nossa estrutura é quase a mesma com ou sem eles. Por outro lado, nós também não oferecemos um grande retorno para eles. Ninguém brigou com ninguém, de forma alguma. Uma coisa que fez diferença é que, nos tempos da Universal, saía muito caro para nós vender o nosso CD nos shows - é algo que rende bem para a banda e é muito legal para o público. Sozinhos, podemos vender o CD ao preço que a gente quiser.

iG: E com o Rick Bonadio, tudo aconteceu bem também?
Lucas Silveira:
 Sim! O Rick tem uma linha de pensamento muito bem definida. Nós nunca concordamos com ela 100%, mas por muito tempo caminhamos juntos. Mas chegou uma hora que nós diferíamos dele, e cada um achou melhor ir para o seu lado. Ele pedia para nós fazermos 30 músicas, para escolher 13 que iam para o disco. Não gosto disso, porque acho que estou desperdiçando material. Além disso, todo disco nosso tinha de ter seis possíveis singles. O single pode ser uma música boa, mas fazer uma música para ela ser single é uma coisa muito difícil. Para mim, o single tem sempre de ser a melhor música do disco, mas não é isso que acontece sempre. Hoje, single é uma música que tem três minutos e uma estrutura de refrão-verso-refrão. É uma matemática difícil fazer isso - especialmente no rock.

iG: Em 2012 vocês tiveram de lidar também com a saída do Tavares. Como foi o momento em que ele falou que queria deixar a Fresno?
Gustavo Mantovani:
 Depois de um fim de semana com três shows, ele chegou para nós e disse que queria tocar os projetos dele, voltar a tocar guitarra e cantar. Ele sabia que a gente ia começar a gravar um disco, e preferiu sair antes para não atrapalhar. Foi melhor do que se ele tivesse resolvido sair no meio de uma turnê. Foi uma surpresa, mas a gente sabia que não tinha como ele voltar atrás. É isso. A história é muito mais simples do que as pessoas imaginam.

iG: Quem toca o baixo no disco e nos shows?
Lucas Silveira:
 No disco, fui eu. Nos shows, a gente usa um baixo pré-gravado. Sai um som incrível do mesmo jeito.

iG: Está nos planos de vocês ter um baixista na banda de novo?
Lucas Silveira:
 Não está descartada a ideia de termos um novo baixista, mas não está nos nossos planos fazer isso agora. Nós quatro somos a Fresno. Já foi difícil nos unir como banda nos últimos tempos - se a gente tivesse mais alguém, ia ter de fazer essa pessoa se unir à banda também.
Gustavo Mantovani: O novo baixista teria de fazer uma renúncia: ele deixaria de ter a vida dele para fazer parte da vida da Fresno. Não é fácil, cara. É um trabalho difícil. Você rala a semana inteira, e quando chega o fim de semana, em vez de descansar, você trabalha mais ainda - em cima do palco. O Bell perdeu o casamento do irmão dele, não pode ir a três enterros dos avós dele desde que ele entrou na Fresno. É uma renúncia de verdade.

iG: E como está a relação de vocês com o Tavares hoje?
Gustavo Mantovani:
 Está tudo certo. Ontem mesmo eu fui no show da banda que ele tem com o Bell, a Abril, e foi muito legal. Antes do show a gente ficou perseguindo o carro dele, fazendo piada.
Lucas Silveira: A Fresno tem dificuldade de fazer inimigos. Tem um monte de gente que não gosta do que a gente faz, mas inimigos, de não poder ver a cara em uma festa, a gente não tem nenhum.

iG: “Infinito” é um disco que tem muitas ideias ousadas para uma banda de rock: coral infantil, arranjos de orquestra, músicas longas e diversas quebras de andamento. De onde veio tudo isso?
Lucas Silveira:
 Para nós, é importante ter uma música ou outra que entre nas rádios, mas é bom ter a liberdade para fazer coisas novas, da mesma maneira que acontecia quando a professora dava aula de “desenho livre” na escola. Não é uma experimentação á toa: se a música [ “Vida (Biografia em Ré Menor)” ] dura 7 minutos, é porque nós precisamos de 7 minutos para contar essa história da maneira que a gente queria.

Confira a entrevista completa no site IG

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