domingo, 27 de novembro de 2011

Morfina.

Hoje eu pedi pra ela não me fazer chorar. Já cansei de ter que agüentá-la. Mas ela sempre volta, e quando vem, eu fico a esperar ela partir novamente. Eu sinto essa dor trancada dentro de mim, eu sinto meu desespero, e quando eu acho que ela já vai, ela volta pra me fazer de fraca.
Ela já sabe que eu vivi aprisionada a ela. E a todo tempo eu tento me livrar. Seu jogo me prende a esperar que ela se vá, e que nunca mais volte, com o meu medo que ela viveu ali, com as minhas lágrimas ela se mantêm forte, e com o meu desespero ela me faz gritar, por um sinal de alívio. Eu fui condenada há alguns anos atrás por sua ira. E como da primeira vez que me atingiu, ainda me faz acreditar que ela passe e não demore pra ir.  
Já tem alguns anos que ela tomou conta de mim, e não só de mim, mas foram vários por ai que ela se alastra e se faz de vitima. Conviver com ela algumas vezes me destrói. E cada dia eu paro e penso em uma resposta para tanta dor. Eu nunca imaginei que essa morfina fosse me levar as lágrimas, e pedir pra ser como era antes.
Só depois de passar por muita coisa, a gente para e tenta voltar à fita de algum tempo atrás. Por mais que naquele passado fosse uma prisão de sentimentos, hoje nesse presente ele é melhor do que qualquer outro momento. Naquele tempo eu não sentia tanta dor. Eu podia viver sem ela, que estaria tudo bem. Hoje ela é o motivo, algum motivo das minhas lágrimas.
O problema é que passado não volta. Presente não muda, e futuro a gente pode evitar alguns erros. Eu aprendi a conviver com ela, mesmo sem a cura. Não vou dizer que já me acostumei, mas sempre que ela chega eu não me importo mais, pelo tempo que eu sofri, as dores que eu senti, ela não me destrói mais. Não como antes.

A dor que eu sinto, não é pior, nem melhor que a tua. Ela só é intensa, e só eu sei que ela talvez, ela nunca vai partir.


Nenhum comentário:

Postar um comentário